quarta-feira, 16 de julho de 2008

HÉLDER FOLGADO

"Rumo ao centro do nada"









Inês Osório de castro
"Rumo ao centro do nada surge como uma metáfora do conceito de deslocação e das sucessivas mudanças que este implica. Apresenta-se sob a forma de um desenho no espaço que ao ser galgado revela o estado de metamorfose da própria imagem. Implícito a isto desenvolve-se a relação entre dois espaços distintos: um presencial e físico, que diz respeito ao aqui e ao agora, e um outro que se afigura mentalmente e que se referencia enquanto objectivo a ser alcançado. No intervalo entre estes deixa-se perceber um território desconhecido, um trilho feito de obstáculos e de sucessivas e múltiplas imposições que a mudança acarreta. As relações estabelecidas com as noções de território e fronteira foram desenvolvidas através da representação de dois gráficos referentes ao fluxo migratório em Portugal. Colocados em cada face do espaço arquitectónico, delimitam um espaço intermédio no qual se formaliza uma elevação através de linhas que se sucedem ritmadamente. O desenho enquanto gráfico é ele próprio terreno, sucessivamente mapeado pela passagem para o lado de lá da linha que nos interpela, e que depois de atravessada se transfigura gerando novos modos de traçado. Percorrer o desenho como se percorresse a montanha por ele definida, reflecte desta forma uma simbiose do acto de se transpor sucessivamente de lugar, mesmo que este não seja concreto e palpável. Este espaço que aqui apelamos não se esgota na sua componente física, mas invoca outras ordens muitas das quais não visíveis: falamos do espaço social e das complexas relações entre os indivíduos e das micro narrativas que se vão tecendo no percurso a que se propõem. O flamejar do desenho, ao atingir vias mais ou menos direccionadas, reproduz o estado de inconstância implicado no modo de habitar o desconhecido e o que permanece são os indicadores do atalho que se trilhou."

* * * * * * * * * * *

*2009

"Terráqueos"









"A Instalação – Acontecimento Terráqueos, surge no âmbito da tese de Mestrado em Escultura, sob o título de Transferência Recursiva Da Matéria Plástica. Pretendemos através desta investigação, decifrar alguns contextos processuais e conceptuais que envolvem o acto da (Re) desconstrução, oriundas de uma prática escultórica de cariz experimental.
Em termos práticos, a supracitada instalação, pretende fixar no espaço a superfície de uma montanha: mediante a repetição modular de cubos de tonalidades várias, criados à base de parafina e pavio, exploramos potenciais manifestações plástico/performativas que se manifestam a partir da sua combustão. Neste contexto, aspiramos alcançar um acontecimento de cariz polissémico, onde o significado não reside numa única configuração, mas sim, nas múltiplas possibilidades (registo – acção performativa, vídeo, fotografia, sonoplastia) que se desdobram a partir do seu próprio referente e que determinam linear e irreversivelmente a sua performance. Transversalmente, damos ênfase à fisicalidade da experiência sensitiva, pois esta possibilitará transportar - nos para uma outra condição e para um outro tempo de interacção, que nem é o nosso por excelência nem o é, o da própria forma, mas sim aquele que nasce desta fusão.
Numa relação de interdependência efectiva, o Acontecimento, pretende manifestar uma posição estética – conceptual, que apela: a uma maior consciencialização da acção dos agentes sociais perante o seu ambiente, seja ele artificial ou natural; e reflecte sobre noções de possessão e de partilha (ferramentas de accionamento), assim como, pretende promover vias de comunicação entre os agentes sociais (participantes), a fim de cada um destes experienciarem de forma equitativa, o ambiente previamente determinado."

Sem comentários: